segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Baka

Lá vamos nós e mais uma narrativa... os personagens do mangá/animê "Naruto" pertencem a Masashi Kishimoto - com excessão de Keigo e Imoto que são criações a parte inseridas na história - e não visam lucro nenhum a não ser a diversão alheia:

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O sol nem havia surgido no horizonte e os pássaros ainda dormiam em seus ninhos quando a vila de Konoha começou a se agitar. Era a preparação do festival Hanami que aqui nesta vila costuma durar o dia todo. As cerejeiras estavam carregas de flores, pareciam que elas sabiam sobre o festival e se exibiam para todos.
Eu odeio flores.
Todo começo de primavera era a mesma coisa, o pólen liberado por essas coisinhas coloridas tinha o poder de acabar com meu raro bom humor.
Finalmente depois de meses eu teria um dia de descanso, ninguém disse que ser ninja seria fácil ainda mais com a reputação de meu clã, mas ter um tempo para treinar é sempre bem vindo... Sasuke havia saído com nossa mãe para visitar o centro da cidade e eu usei minha alergia como desculpa para não ir ver aquele inferno florido.
Eu não tinha muito o que fazer além de treinar sozinho, já que Keygo também estava ajudando no festival e para não dar na cara de que ele treinava comigo resolvi liberar o moleque.

Após horas de um rigoroso treinamento aos pés de uma montanha rochosa longe do pólen assassino, a fome apertou e resolvi fazer uma pausa. Na verdade embora eu tivesse trazido meu almoço, parei por alguns segundos observando o caminho o qual ela fazia toda vez que Keygo treinava comigo. Sempre sorrindo Imoto costuma descobrir onde treinávamos – como ela fazia isso eu não sei- e nos trazia o que comer. Eu sempre reclamava que ela atrapalhava o treinamento, mas ela não se alterava nem mesmo com a minha cara de autoridade mais perversa. Sempre deixava um embrulhinho pro Keygo e um para mim. “... a comida dela era horrível...
Pare de pensar bobagens, você não tem tempo para isto”- pensei ralhando comigo mesmo, tentando afogar qualquer coisa que tivesse se manifestando dentro de mim. “Hora de voltar pro trabalho pesado” deixei o que sobrou do almoço e voltei minha atenção para meus exercícios, mas logo em seguida, ao tentar esvaziar minha mente uma lembrança veio à tona:
Você estragou meu desenho” – ela gritou certa vez enfiando o dedo na minha cara sem medo de mim ou do que meu clã representava.
Garota idiota, estúpida e arrogante”- refleti.
- AAAAAAAAGH! – esbravejei em voz alta por não conseguir limpar esses pensamentos inúteis da minha mente. Fechei os olhos e tentei abri-los bem devagar com o intuito de voltar a me concentrar... mas meus olhos estavam interessados em conferir se ela não estava ali.
Ao virar a cabeça pensei “Não pode ser...”

- Keygo disse que talvez estivesse aqui - disse ela com o mesmo sorriso de sempre. – E vejo que hoje trouxe seu próprio lanche.
- Eu SEMPRE trago minha comida. – respondi tentando ser frio e esconder meu rosto ardendo de vergonha.
- Parece que não estava muito bom...
- É, tem o mesmo gosto da sua comida. – respondi tentando acabar com seu bom humor e fazer com que ela fosse embora.
Para minha surpresa ela deu um sorriso ainda maior e respondeu sem se alterar:
- Ainda bem que eu trouxe as coisas deliciosas que estão vendendo lá no festival.
Imoto caminhou até onde eu estava sentado, colocou um embrulho do meu lado e falou com a voz suave:
- Obrigada por enfiar algum juízo na cabeça do meu irmão. Ele te admira muito.
Essa frase me irritou, “Keygo me admira muito? Não quero saber dele”... segurei no braço dela:

- Mas e você? – não acreditei quando isso saiu da minha boca. Acho que meu rosto ficou vermelho novamente.
Ela sorriu, puxou o braço, chegou bem perto de meu rosto ainda mais vermelho e respondeu com a voz baixa:
- Pra mim você continua sendo um idiota.

Idiota? I D I O T A??? com quem ela pensa que está falando?????

Dito isso, Imoto deu-me as costas e seguiu tranquilamente pelo caminho o qual viera, deixando para trás uma estátua de Itachi, pasmo, indignado e com um aperto no peito mais dolorido do que qualquer machucado.

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O sol se punha em um tom laranja atrás da montanha dos Hokages e eu, cansado do dia todo de treino, sentei em baixo de uma árvore a fim de observar de longe a queima de fogos do festival Hanami.
- Então... Você ainda está aí. – disse a voz insolente que eu já conhecia.
Levantei rapidamente para que ela não me visse descansando, contudo ao levantar a cabeça percebi que ela vestia um kimono cor de rosa claro de um tecido delicado e com pequenos pássaros estampados. O cabelo liso e preto a deixava ainda mais pálida. Uma flor vermelha enorme cujo nome eu jamais vou saber repousava sobre sua orelha direita. Fiquei sem palavras.
- Não vai participar do festival? – Imoto perguntou.
- Não tenho tempo para essas bobagens. – respondi imediatamente antes que eu mesmo disse alguma besteira.
Ela chegou ainda mais perto de mim.
- Até quando você vai fingir que não gosta de mim? – ela disse olhando em direção à Konoha.
Relutei em dizer alguma coisa mais meu coração se contorceu como se alguém o apertasse. “Não diga nada” eu repetia em pensamento.
Como não obteve resposta ela me olhou carinhosamente esboçou um sorriso e virou seu corpo em direção à trilha que a levaria de volta para Konoha. Ao passar por mim, meu corpo, meus pensamentos e meu instinto aceleraram minhas decisões e, num ato involuntário segurei-a pela cintura, apertei seu corpo contra o meu, e ao sentir que ela iria abrir a boca para resmungar pressionei meus lábios contra os dela afim de fazê-la calar a boca, quanta tolice a minha, aquilo não era uma tentativa de fazê-la calar a boca... era um beijo. Não houve resistência da parte dela, suas pequenas mãos tocaram a minha nuca.
Eu podia ouvir a queima de fogos ao longe e quando o beijo terminou nossos rostos continuaram recostados um no outro.
- Imoto eu gosto de você.
Ela pressionou minha nuca para baixo fazendo com que nossos lábios de encostassem novamente em um beijo mais tranqüilo, quando terminou ela me abraçou e disse próximo ao meu ouvido com seu hálito quente:

- Também gosto de você Itachi, seu idiota...

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